Na Quinta-feira Santa, a Igreja se debruça sobre o mistério do Amor Servidor. É o dia em que celebramos a instituição da Eucaristia e do Sacerdócio, e também o gesto desconcertante de Jesus ao lavar os pés de seus discípulos. Cada cena dessa noite sagrada é uma aula de humildade e entrega. Acompanhar o relato é deixar-se tocar por um amor que se curva e se reparte.
A Ceia: Amor antecipado em forma de pão
Antes do sofrimento da cruz, Jesus reúne os seus em uma última refeição. Ali, Ele revela o desejo ardente de estar com os seus:
“Desejei ardentemente comer convosco esta ceia pascal antes de sofrer.” (Lc 22,15)
Durante a Ceia, Ele toma o pão, dá graças, parte e entrega dizendo:
“Isto é o meu corpo, que é dado por vós. Fazei isto em memória de mim.” (Lc 22,19)
E, ao oferecer o cálice:
“Este cálice é a nova aliança em meu sangue, que é derramado por vós.” (Lc 22,20)
É a antecipação da cruz, mas também a inauguração de um dom eterno. A Eucaristia é a presença real de Jesus, é o amor que alimenta.
O Lava-pés: Deus que se abaixa por amor
O evangelista João (13,1-15) nos entrega a cena mais simbólica dessa noite: Jesus se levanta da mesa, tira o manto, pega a toalha e começa a lavar os pés dos discípulos. Pedro, espantado, resiste:
“Senhor, tu vais lavar-me os pés?”
E Jesus responde:
“Se eu, o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros.”
Aqui está o coração do discipulado: servir, mesmo quando custa. O gesto do lava-pés é um ensinamento eterno. É Jesus dizendo: não existe amor verdadeiro sem humildade.
Vigília com Ele: o início da Paixão
Após a Ceia, Jesus sai para o Monte das Oliveiras e ali reza com angústia. Inicia-se a Paixão. Os discípulos dormem, Judas se aproxima. Mas Jesus permanece firme. O Amor já se ofereceu.
Viver a Quinta-feira com o coração aberto
Na Quinta-feira Santa, o céu toca a terra. O altar se transforma em mesa e bacia. O Pão se faz Corpo. O Senhor se ajoelha diante dos seus. Tudo é amor.
Pergunte-se nesta noite:
- Tenho buscado a presença real de Jesus na Eucaristia?
- Tenho servido os outros com humildade, como Ele serviu?
- Estou disposto(a) a amar mesmo quando é difícil?
Contemplar essa noite é abrir-se para um tipo de amor que transforma. E, como os discípulos, somos chamados não só a assistir — mas a participar.
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